(...) A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura — ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração. Dá comigo súbito, a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido — vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso. Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso. (A Última Crônica)

Fernando Tavares Sabino, filho do procurador de partes e representante comercial Domingos Sabino, e de D. Odete Tavares Sabino, nasceu a 12 de outubro de 1923, Dia da Criança, em Belo Horizonte.
Em 1930, após aprender a ler com a mãe,
ingressa no curso primário do Grupo Escolar Afonso Pena, tendo como colega Hélio
Pellegrino, que já era seu amigo dos tempos do Jardim da Infância. Torna-se leitor
compulsivo, de tal forma que mais de uma vez chega em casa com um galo na testa, por haver
dado com a cabeça num poste ao caminhar de livro aberto diante dos olhos. Desde cedo
revela sua inclinação para a música, ouvindo atentamente sua irmã e o pai ao piano.
Em 1934, entra para o escotismo, onde
permanece até os 14 anos. Disse ele em sua crônica "Uma vez escoteiro":
"Levei seis anos de minha infância com um lenço enrolado no pescoço, flor-de-lis na lapela e pureza no coração, para descobrir que não passava de um candidato à solidão. Alguma coisa ficou, é verdade: a certeza de que posso a qualquer momento arrumar a minha mochila, encher de água o meu cantil e partir. Afinal de contas aprendi mesmo a seguir uma trilha, a estar sempre alerta, a ser sozinho, fui escoteiro — e uma vez escoteiro, sempre escoteiro".
"Levei seis anos de minha infância com um lenço enrolado no pescoço, flor-de-lis na lapela e pureza no coração, para descobrir que não passava de um candidato à solidão. Alguma coisa ficou, é verdade: a certeza de que posso a qualquer momento arrumar a minha mochila, encher de água o meu cantil e partir. Afinal de contas aprendi mesmo a seguir uma trilha, a estar sempre alerta, a ser sozinho, fui escoteiro — e uma vez escoteiro, sempre escoteiro".
Com 12 anos incompletos, em 1935,
torna-se locutor do programa infantil "Gurilândia" da Rádio Guarani de
Belo Horizonte. Freqüenta o Curso de Admissão de D. Benvinda de Carvalho Azevedo,
no qual adquire conhecimentos de gramática que lhe serão muito úteis no futuro em sua
profissão.
Ingressa no curso secundário do Ginásio
Mineiro, onde demonstra grande interesse pelo estudo de Português. Suas primeiras
tentativas literárias sofrem influências dos livros de aventuras que vive lendo,
principalmente Winnetou, de Karl May, e dos romances policiais de Edgar Wallace,
Sax Rohmer e Conan Doyle, entre outros. Nessa época, por iniciativa do irmão Gerson, tem
seu primeiro conto policial estampado na revista "Argus", órgão
da Secretaria de Segurança de Minas Gerais. Passada a primeira emoção vem o
desapontamento: o nome do autor, na revista, consta como sendo Fernando Tavares
"Sobrinho".
Em 1938, ajuda a fundar um jornalzinho
chamado "A Inúbia" (mesmo sem saber exatamente o que isso vem
significar) no Ginásio Mineiro. Ao final do curso, embora desatento,
"levado" e irrequieto, conquista a medalha de ouro como o primeiro aluno da
turma. Começa a colaborar regularmente com artigos, crônicas e contos nas revistas
"Alterosas" e "Belo Horizonte". Participa de concursos
de crônicas sobre rádio e de contos, obtendo seguidos prêmios.
Nadador, em 1939, bate vários recordes
em sua especialidade: o nado de costas. Compete e ganha inúmeras medalhas em
campeonatos nas cidades de Uberlândia, São Paulo e Rio de Janeiro. Participa da Maratona
Nacional de Português e Gramática Histórica, empatando com Hélio Pellegrino no segundo
lugar em Minas Gerais e em todo o Brasil. Viajam juntos ao Rio para receber em
sessão solene o prêmio das mãos do mineiro Gustavo Capanema, então Ministro da
Educação.
Aprende taquigrafia, em 1940, para
escrever mais depressa. Começa a ler, com grande obstinação, os clássicos portugueses
a partir dos quinhentistas Gil Vicente e João de Barros, entre outros, até os
romancistas como Alexandre Herculano, Almeida Garrett e Camilo Castelo Branco. Antes
de chegar a Eça de Queiroz e a Machado de Assis, aos 17 anos, está decidido a ser
gramático. Escreve um artigo de crítica sobre o dicionário de Laudelino Freire,
que tem o orgulho de ver estampado no jornal de letras "Mensagem",
graças ao diretor Guilhermino César, escritor mineiro que se torna amigo de Fernando
Sabino e seu grande incentivador. João Etienne Filho, secretário de "O
Diário", órgão católico, é outro a estimulá-lo no início de sua
carreira. Nele publica artigos literários, juntamente com Otto Lara Resende, Paulo
Mendes Campos e Hélio Pellegrino, formando com eles um grupo de amigos para sempre.
No período de 1941 a 1944 presta
serviço militar na Arma de Cavalaria do CPOR. Inicia o curso superior na Faculdade
de Direito. Convive com escritores e, por indicação de seu amigo Murilo Rubião,
ingressa no jornalismo como redator da "Folha de Minas". Orientado
por Marques Rebelo, reúne seus primeiros contos no livro "Os Grilos não Cantam
Mais", publicado no Rio de Janeiro à sua própria custa. Bem recebido pela
crítica, lhe vale principalmente pela carta recebida de Mário de Andrade, a partir da
qual inicia com ele uma correspondência das mais preciosas para a sua carreira de
escritor. (veja em Lições do
Mestre). Colabora no jornal literário do Rio "Dom Casmurro", revista
"Vamos Ler" e "Anuário Brasileiro de Literatura".
Em 1942, é admitido como funcionário da
Secretaria de Finanças de Minas Gerais e dá aulas, nas horas vagas, de Português no
Instituto Padre Machado. Conhece pessoalmente o poeta Carlos Drummond de Andrade, dele se
tornando amigo através de correspondência e, mais tarde, no Rio, de convivência.
No ano seguinte é nomeado oficial de
gabinete do secretário de Agricultura. Faz estágio de três meses como aspirante no
Quartel de Cavalaria de Juiz de Fora, período que serviria de inspiração para
hilariantes episódios no livro "O Grande Mentecapto". Inicia uma
colaboração regular para o jornal "Correio da Manhã", do Rio e conhece
seu futuro amigo Vinicius de Moraes. Prepara sua mudança para o Rio de Janeiro. Publica o
ensaio "Eça de Queiroz em face do cristianismo" na revista "Clima",
de São Paulo (SP).
Integra, em 1944, a equipe mineira na
Olimpíada Universitária de São Paulo, como pretexto para conhecer pessoalmente Mário
de Andrade. Lêem, em voz alta, os originais da novela "A Marca", que é
publicada em seguida pela José Olympio Editora. Muda-se para o Rio, assumindo o
cargo de Oficial do Registro de Interdições e tutelas da Justiça do Distrito
Federal. Convive com Rubem Braga, Vinicius de Moraes, Carlos Lacerda, Di Cavalcanti,
Moacyr Werneck de Castro, Manuel Bandeira e Augusto Frederico Schmidt, entre outros.
Participa da delegação mineira no
Congresso Brasileiro de Escritores em São Paulo, no ano de 1945, onde, durante a sessão
plenária de encerramento, em desafio à polícia ali presente, sugere ao publico que seja
lida a Moção de Princípios proclamada pelo Congresso, exigindo do ditador Getúlio
Vargas a abolição da censura e a restauração do regime democrático no Brasil, com
convocação de eleições diretas. Conhece Clarice Lispector, dando início a uma intensa
amizade.
No ano seguinte forma-se em Direito e licencia-se do cargo que exerce na Justiça, embarcando com Vinícius de Moraes para os Estados Unidos. Passa a residir em Nova York, trabalhando no Escritório Comercial do Brasil e, posteriormente, no Consulado Brasileiro. Começa a escrever o romance "O Grande Mentecapto", que só viria retomar 33 anos depois. Colabora com o jornal "Diário de Notícias", do Rio.
No ano seguinte forma-se em Direito e licencia-se do cargo que exerce na Justiça, embarcando com Vinícius de Moraes para os Estados Unidos. Passa a residir em Nova York, trabalhando no Escritório Comercial do Brasil e, posteriormente, no Consulado Brasileiro. Começa a escrever o romance "O Grande Mentecapto", que só viria retomar 33 anos depois. Colabora com o jornal "Diário de Notícias", do Rio.
Em 1947, envia crônicas de Nova York
para serem publicadas aos domingos nos jornais "Diário Carioca" e "O
Jornal", do Rio, que são transcritas por diversos jornais do resto do
país. Começa a escrever "Ponto de Partida" (romance), e outro,
"Movimentos Simulados", os quais não chega a concluir mas que serão
aproveitados em "Encontro Marcado". Realiza uma série de entrevistas com
Salvador Dali e faz reportagem sobre Lazar Segal.
Volta ao Brasil em 1948, a bordo de um
navio cargueiro que se incendeia em meio a uma tempestade, a caminho de Bermudas. No
Rio, é transferido para o cargo de escrivão da Vara de Órfãos e
Sucessões. Crônica semanal no Suplemento Literário de "O Jornal".
Em 1949, escreve crônicas e artigos para
diversos jornais brasileiros. Em 1950, reúne várias delas sobre sua experiência
americana no livro "A Cidade Vazia".
Publicação em tiragem limitada do livro
"A Vida Real", em 1952, composto de novelas sob a inspiração de "emoções
vividas durante o sono". Escreve, sob o pseudônimo de Pedro Garcia de Toledo,
diariamente, "O Destino de Cada Um", nota policial no jornal "Diário
Carioca". Escreve crônicas com o título geral "Aventuras do
Cotidiano", no "Comício", "semanário independente"
fundado e dirigido por Joel Silveira, Rafael Correia de Oliveira e Rubem
Braga. Colaboração com a revista "Manchete" a partir do primeiro
número, que se prolongará por 15 anos, a princípio sob o título "Damas e
Cavalheiros", posteriormente "Sala de Espera" e "Aventuras
do Cotidiano".
Em 1954 faz campanha política no Recife
e em Fortaleza, a convite de Carlos Lacerda. Lança tradução do dicionário de
Gustave Falubert. Viaja pelo sul do Brasil em companhia de Millôr Fernandes. Em
companhia de Otto Lara Resende, então diretor da "Manchete", antecipa em
entrevista pessoal e exclusiva o lançamento da candidatura do General Juarez Távora à
Presidência da República.
Juscelino Kubitscheck, governador de
Minas Gerais, também candidato à Presidência, o convida para jantar no Palácio
Mangabeiras, em 1955. Decepcionado com a conversa, assume no "Diário
Carioca" a cobertura da agitada campanha de Juarez Távora. Viaja por todo o
país — mais de 150 cidades — em companhia do mineiro Milton Campos, candidato a
vice.
Em 1956, publica o romance "O
Encontro Marcado", um grande sucesso de crítica e de público, com uma média de
duas edições anuais no Brasil e várias no exterior, além de adaptações teatrais no
Rio e em São Paulo.
É exonerado, a pedido, em 1957, do cargo
de escrivão, passando a viver exclusivamente de sua produção intelectual como escritor
e jornalista. Passa a escrever crônica diária para o "Jornal do Brasil"
e mensal para a revista "Senhor".
O relato da viagem à Europa, feita pela
primeira vez por Fernando Sabino em 1959 está no livro "De Cabeça para
Baixo". Comparece ao lançamento de "O Encontro Marcado" em
Lisboa, Portugal. Visita vários países, remetendo crônicas diárias para o "Jornal
do Brasil", semanais para "Manchete" e mensais para a revista
"Senhor", perfazendo um total de 96 crônicas em 90 dias de viagem.
Até o ano de 1964, depois de sua volta
ao Rio, dedica-se à produção de dezenas de roteiros e textos de filmes documentários
para diversas empresas.
Em 1960 faz viagem a Cuba, como
correspondente do "Jornal do Brasil", na comitiva de Jânio Quadros,
eleito Presidente da República e ainda não empossado. Faz reportagem sobre a
revolução cubana, "A Revolução dos Jovens Iluminados", constante do
livro com que inaugura a Editora do Autor, fundada por ele em sociedade com Rubem Braga e
Walter Acosta, ocasião em que também são lançados "Furacão sobre Cuba",
de Jean-Paul Sartre (presente ao acontecimento com sua mulher Simone de Beauvoir); "Ai
de ti, Copacabana", de Rubem Braga; "O Cego de Ipanema", de
Paulo Mendes Campos e "Antologia Poética", de Manuel Bandeira. Fernando
Sabino lança o livro "O Homem Nu" pela nova editora.
Em 1962 publica "A Mulher do
Vizinho", que recebe o Prêmio Cinaglia do Pen Club do Brasil. Seu livro "O
Encontro Marcado" é publicado na Alemanha. Escreve o argumento, roteiro e
diálogos do filme dirigido por Roberto Santos "O Homem Nu", tendo Paulo
José no papel principal. Posteriormente, a história é novamente filmada, com o ator
Cláudio Marzo no papel principal.
No programa "Quadrante", da
Rádio Ministério da Educação, em 1963, Paulo Autran lia crônicas semanais de Sabino
e de Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Dinah Silveira de Queiroz, Cecília
Meireles, Paulo Mendes Campos e Rubem Braga. Uma seleção dessas crônicas foi
publicada pela Editora do Autor em dois volumes:"Quadrante 1" e "Quadrante
2". Como os demais colaboradores de órgãos oficiais, é automaticamente
efetivado no cargo de redator do Serviço Público, da Biblioteca Nacional e mais tarde da
Agência Nacional, cabendo-lhe a elaboração de textos para filmes de curta
metragem. Seu livro "O Encontro Marcado" é editado na Espanha e na
Holanda.
É contratado, em 1964, durante o governo
João Goulart, para exercer as funções de Adido Cultural junto à Embaixada do Brasil em
Londres. Continua mandando seus relatos para o "Jornal do Brasil", "Manchete"
e revista "Cláudia". Faz a leitura semanal de uma crônica na BBC de
Londres em programa especial para o Brasil.
Em 1965 fica a seu encargo de compor a
delegação britânica que participará no Festival Internacional de Cinema no Rio de
Janeiro. Comparecem os diretores Alexander Mackendrick, Fritz Lang e Roman
Polanski. Representa o Brasil no Festival Internacional de Cinema, em Edimburgo, na
Escócia, e no Congresso Internacional de Literatura do Pen club em Bled, na Iugoslávia,
onde reencontra Pablo Neruda.
Faz a cobertura, em 1966, da Copa do
Mundo de Futebol para o "Jornal do Brasil". Desfaz a sociedade na Editora
do Autor e, com Rubem Braga, funda a Editora Sabiá.
A Sabiá inicia sua carreira de grande
sucesso, em 1967, lançando — além dos de seus proprietários — livros de
Vinicius de Moraes, Paulo Mendes Campos, Otto Lara Resende, Carlos Drummond de Andrade,
Manuel Bandeira, Augusto Frederico Schmidt, Jorge de Lima, Cecília Meireles, Dante
Milano, Rachel de Queiroz, João Cabral de Melo Neto, Autran Dourado, Dalton Trevisan,
Clarice Lispector, Murilo Mendes, Stanislaw Ponte Preta — e a série "Antologia
Poética" dos maiores poetas contemporâneos, não só brasileiros como, também,
dos sul-americanos Pablo Neruda e Jorge Luiz Borges. Edita romances de grande sucesso
internacional como "Boquinhas Pintadas", de Manuel Puig, "O Belo
Antônio", de Vitaliano Brancati, "A Casa Verde", de Mario
Vargas Llosa, e toda a obra do Prêmio Nobel Gabriel García Márquez, a partir do famoso
"Cem Anos de Solidão". Seu livro "O Encontro Marcado"
é lançado na Inglaterra. Publica o artigo "Minas e as Cidades do Ouro"
pela revista "Quatro Rodas".
No anos seguinte "O Encontro
Marcado" é lançado na Inglaterra em pocket-book. No dia 13 de
dezembro a Editora Sabiá programou uma festa no Museu de Arte Moderna, no Rio, com o
lançamento de vários livros, entre os quais: "Revolução dentro da Paz",
de Dom Hélder Câmara; "Roda Viva", de Chico Buarque de Holanda; "O
Cristo do Povo", de Márcio Moreira Alves e, fechando com chave de ouro, "Nossa
luta em Sierra Maestra", de Che Guevara. Nesse dia é editado o Ato
Institucional que oficializa a ditadura militar e, como não poderia deixar de ser, a
festa não se realiza.
Sabino segue para Lisboa, Roma,
Paris, Berlim, Londres e Nova York, em 1969, como enviado especial do "Jornal do
Brasil", para uma série de reportagens sobre "O que está acontecendo
nas maiores cidades do mundo ocidental". Publica, pela Sabiá, um livro de
literatura infantil: "Evangelho das Crianças", escrito com a
colaboração de Marco Aurélio Matos.
A convite do governo alemão, em 1971,
volta à Europa. Realiza reportagem sob o título "Ballet de Márcia Haydée
em Stutgart" para a revista "Manchete". De volta ao Brasil
realiza um super-8 curta-metragem sobre Rubem Braga, "O Dia de Braga",
exibido pela TV Globo e que lhe servirá de modelo para os futuros documentários em 35 mm
sobre escritores brasileiros.
Em 1972, vende a Sabiá para a José
Olympio. Viaja para Los Angeles, onde produz e dirige com David Neves, para a TV Globo,
uma série de oito mini-documentários sobre Hollywood, "Crônicas ao Vivo". Entrevista
Alfred Hitchcock e Broderick Crawford. Escreve três reportagens para a "Realidade".
Com David Neves, no ano seguinte, funda a
Bem-Te-Vi Filmes Ltda. Filma "A Ponte da Amizade", documentário
rodado em Assunção - Paraguai, para o Departamento Comercial do Itamaraty, registrando a
participação do Brasil na Feira Internacional de Indústria e Comércio. Realiza
uma série de documentários cinematográficos "Literatura Nacional Contemporânea",
sobre dez escritores brasileiros: Érico Veríssimo, Carlos Drummond de Andrade, Vinicius
de Moraes, João Cabral de Melo Neto, Manuel Bandeira, Jorge Amado, João Guimarães Rosa,
Pedro Nava, José Américo de Almeida e Afonso Arinos de Melo Franco.
Em 1974, viaja a Buenos Aires, de onde
escreve crônicas para o "Jornal do Brasil". Em 1975, vai ao Oriente
Médio, com David Neves e Mair Tavares, onde produz e dirige o filme "Num Mercado
Persa", documentário sobre a participação do Brasil na Feira Internacional de
Indústria e Comércio, em Teerã. Publica "Gente I" e "Gente
II", com crônicas, reminiscências e entrevistas de personalidades de destaques
nas letras, nas artes, na música e no esporte.
1976, entre viagens a Buenos Aires,
cidade do México, Los Angeles, marca o lançamento do livro "Deixa o Alfredo
Falar!". Participa da Feira do Livro de Buenos Aires. Após 16 anos de
colaboração, deixa o "Jornal do Brasil".
Inicia, em 1977, a publicação de
crônica semanal sob o título de "Dito e Feito" no jornal "O
Globo". Sua colaboração se prolongará por 12 anos sem qualquer
interrupção e era reproduzida no "Diário de Lisboa" e em oitenta
jornais no Brasil. Viagem a Manaus, da qual resulta no livro "Encontro das
Águas". Com Carlos Drummond de Andrade, Paulo Mendes Campos e Rubem Braga,
integra a série "Para Gostar de Ler".
Vai à Argélia, em 1978, realizar filme
sobre Argel e a participação brasileira na Feira Internacional de Indústria e
Comércio, intitulado "Sob Duas Bandeiras". Como em todas as viagens que
realiza ao exterior, envia crônicas para o jornal "O Globo".
Em 1979, retoma e acaba em dezoito dias
de trabalho ininterrupto o romance "O Grande Mentecapto", que havia
iniciado há 33 anos, um sucesso literário. O livro servirá de argumento para o
filme com o mesmo nome, dirigido por Oswaldo Caldeira e com Diogo Vilela no papel
principal. É adaptado para o teatro em Minas e São Paulo.
Publica "A Falta Que Ela Me Faz". Recebe
o Prêmio Jabuti pelo romance "O Grande Mentecapto". Filma a
participação do Brasil na Feira Internacional de Indústria e Comércio em Hannover, em
1980.
Recebe o Prêmio Golfinho de Ouro na
categoria de Literatura, concedido pelos Conselhos Estaduais de Educação e Cultura do
Rio de Janeiro. Realiza viagens ao Peru e aos Estados Unidos, e dois documentários
em vídeo sobre a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, em 1981.
Em 1982, lança o romance "O
Menino no Espelho", ilustrado por Carlos Scliar, que passa a ser adotado em
inúmeros colégios do país. Percorre várias cidades brasileiras, participando do
projeto Encontro Marcado, ciclo de palestras de escritores nas universidades provido pela
IBM.
Lança o livro "O Gato Sou Eu",
em 1983.
Publica os livros "Macacos Me
Mordam", conto em edição infantil, com ilustrações de Apon e "A
Vitória da Infância", seleção de contos e crônicas sobre crianças, em 1984.
Seu livro "O Grande Mentecapto" é lançado em Lisboa.
"A Faca de Dois Gumes"
é seu novo livro, em 1985. Uma das novelas é adaptada para o cinema, com o mesmo
título, dirigida por Murilo Sales. Escreve uma peça teatral, baseada em "Martini
Seco", encenada no Rio de Janeiro. É condecorado com a Ordem do Rio Branco no
grau de Grã-Cruz pelo governo brasileiro. Publica, no "New York Times",
o artigo "The Gold Cities of Minas Gerais".
Em 1986, realiza inúmeras viagens:
Londres, Tókio, Hong-Kong, Macau e Singapura. Escreve "Belo Horizonte de todos os
tempos" para o Banco Francês-Brasileiro.
Publica "O Pintor que Pintou o
Sete", história infantil, a novela "Martini Seco" em
edição para-didática, e três seleções: "As Melhores Histórias",
"As Melhores Crônicas" e "Os Melhores Contos", em 1987.
É lançado "O Tabuleiro das
Damas", um esboço de autobiografia, em 1988. Escreve suas últimas crônicas
para "O Globo", do qual se despede no final do ano.
Em 1989 o filme "O Grande
Mentecapto" é premiado no Festival Internacional de Gramado. Novas viagens
pelo mundo e o lançamento do livro "De Cabeça Para Baixo", reportagens
literárias e jornalísticas sobre as suas viagens pelo mundo de 1959 a 1986.
No ano seguinte esse filme é exibido no
Festival Internacional de Cinema em Washington D.C., e recebe um prêmio. Lança o
livro "A Volta Por Cima".
Em 1991, lança o livro "Zélia,
Uma Paixão", biografia autorizada de Zélia Cardoso de Mello, Ministra da
Fazenda no governo Collor, com tratamento literário. Os escândalos em sua vida
privada e sua saída do governo foram motivo de grande repercussão entre os brasileiros,
criando clima hostil ao escritor. Por ironia do destino, nesse mesmo ano sua novela
"O Bom Ladrão", do livro "A Faca de Dois Gumes", é lançada
em edição extra como brinde ao dicionário de Celso Luft, com tiragem recorde de 500.000
exemplares.
Viaja ao Chile, em 1992, para preparar a
edição de "Zélia, Uma Paixão" em castelhano. Edição
paradidática de " O Bom Ladrão".
Lança, em 1993, "Aqui Estamos
Todos Nus", uma trilogia de novelas "de ação, fuga e suspense".
No ano seguinte lança o livro "Com
a Graça de Deus", "uma leitura fiel do Evangelho inspirada no humor de
Jesus".
Em 1995, a Editora Ática relança a
seleção, revista e aumentada, de "A Vitória da Infância", com a qual Fernando
Sabino reafirma sua determinação ao longo da vida inteira de preservar a criança
dentro de si. Ou, como ele mesmo escreveu: "Quando eu era menino, os mais
velhos perguntavam: o que você quer ser quando crescer? Hoje não perguntam
mais. Se perguntassem, eu diria que quero ser menino".
O autor faleceu dia 11 de outubro de 2004 na cidade do Rio de Janeiro. A seu pedido, seu epitáfio é o seguinte: "Aqui jaz Fernando Sabino, que nasceu homem e morreu menino".
Em 2006, é lançada a 82ª edição de "O encontro marcado".
O autor faleceu dia 11 de outubro de 2004 na cidade do Rio de Janeiro. A seu pedido, seu epitáfio é o seguinte: "Aqui jaz Fernando Sabino, que nasceu homem e morreu menino".
Em 2006, é lançada a 82ª edição de "O encontro marcado".
BIBLIOGRAFIA:
- Os grilos não cantam mais,
contos, Pongetti, 1941
- A marca, novela, José Olympio, 1944
- A cidade vazia, crônicas e histórias de Nova York, O Cruzeiro, 1950
- A vida real, novelas, Editora A Noite, 1952
- Lugares-comuns, dicionário, MEC - Cadernos de Cultura, 1952
- O encontro marcado, romance, Civilização Brasileira, 1956
- O homem nu, contos e crônicas, Editora do Autor, 1960
- A mulher do vizinho, crônicas, Editora do Autor, 1962
- A companheira de viagem, crônicas,Editora do Autor 1965
- A inglesa deslumbrada,crônicas e histórias da Inglaterra e do Brasil, Ed Sabiá/1967
- Gente, crônicas e reminiscências, Record, 1975
- Deixa o Alfredo falar!, crônicas e histórias, Record, 1976
- O encontro das águas, crônica irreverente de uma cidade tropical,Editora Record/1977
- O grande mentecapto, romance, Record, 1979
- A falta que ela me faz, contos e crônicas, Record, 1980
- O menino no espelho, romance, Record, 1982
- O gato sou eu, contos e crônicas, Record, 1983
- Macacos me mordam, conto em edição infantil, Record, 1984
- A vitória da infância, crônicas e histórias, Editora Nacional, 1984
- A faca de dois gumes, novelas, Record, 1985
- O pintor que pintou o sete, história infantil, Berlendis & Vertecchia,1987
- Os melhores contos, seleção, Record, 1987
- As melhores histórias, seleção, Record, 1987
- As melhores crônicas, seleção, Record, 1987
- Martini seco, novela, Ática, 1987
- O tabuleiro das damas, esboço de autobiografia, Record, 1988
- De cabeça para baixo, relato de viagens, Record, 1989
- A volta por cima, crônicas e histórias curtas, Record, 1990
- Zélia, uma paixão, romance-biografia, Record, 1991
- O bom ladrão, novela, Ática, 1992
- Aqui estamos todos nus, novela, Record, 1993
- Os restos mortais, novela, Ática, 1993
- A nudez da verdade, novela, Ática, 1994
- Com a graça de Deus, leitura fiel do Evangelho, Record, 1995
- O outro gume da faca, novela, Ática, 1996
- Obra reunida - 3 volumes, Nova Aguilar, 1996
- Um corpo de mulher, novela, Ática, 1997
- O homem feito, novela, Ática, 1998
- Amor de Capitu, recriação literária, Ática, 1998
- No fim dá certo, crônicas e histórias, Record, 1998
- A Chave do Enigma, crônicas, Record, 1999
- O Galo Músico, crônicas, Record, 1999
- Cara ou Coroa? (júnior), crônicas, Ática, 2000
- Duas Novelas de Amor, novelas, Ática, 2000
- Livro aberto - Páginas soltas ao longo do tempo, crônicas, Record, 2001
- Cartas perto do coração, correspondência com Clarice Lispector, Record, 2001.
- Cartas na mesa, correspondência com Paulo Mendes Campos, Otto Lara Resende e Hélio Pellegrino, Record, 2002.
- Os caçadores de mentira, história infantil, Rocco, 2003.
- Os movimentos simulados, romance, Record, 2004.
- A marca, novela, José Olympio, 1944
- A cidade vazia, crônicas e histórias de Nova York, O Cruzeiro, 1950
- A vida real, novelas, Editora A Noite, 1952
- Lugares-comuns, dicionário, MEC - Cadernos de Cultura, 1952
- O encontro marcado, romance, Civilização Brasileira, 1956
- O homem nu, contos e crônicas, Editora do Autor, 1960
- A mulher do vizinho, crônicas, Editora do Autor, 1962
- A companheira de viagem, crônicas,Editora do Autor 1965
- A inglesa deslumbrada,crônicas e histórias da Inglaterra e do Brasil, Ed Sabiá/1967
- Gente, crônicas e reminiscências, Record, 1975
- Deixa o Alfredo falar!, crônicas e histórias, Record, 1976
- O encontro das águas, crônica irreverente de uma cidade tropical,Editora Record/1977
- O grande mentecapto, romance, Record, 1979
- A falta que ela me faz, contos e crônicas, Record, 1980
- O menino no espelho, romance, Record, 1982
- O gato sou eu, contos e crônicas, Record, 1983
- Macacos me mordam, conto em edição infantil, Record, 1984
- A vitória da infância, crônicas e histórias, Editora Nacional, 1984
- A faca de dois gumes, novelas, Record, 1985
- O pintor que pintou o sete, história infantil, Berlendis & Vertecchia,1987
- Os melhores contos, seleção, Record, 1987
- As melhores histórias, seleção, Record, 1987
- As melhores crônicas, seleção, Record, 1987
- Martini seco, novela, Ática, 1987
- O tabuleiro das damas, esboço de autobiografia, Record, 1988
- De cabeça para baixo, relato de viagens, Record, 1989
- A volta por cima, crônicas e histórias curtas, Record, 1990
- Zélia, uma paixão, romance-biografia, Record, 1991
- O bom ladrão, novela, Ática, 1992
- Aqui estamos todos nus, novela, Record, 1993
- Os restos mortais, novela, Ática, 1993
- A nudez da verdade, novela, Ática, 1994
- Com a graça de Deus, leitura fiel do Evangelho, Record, 1995
- O outro gume da faca, novela, Ática, 1996
- Obra reunida - 3 volumes, Nova Aguilar, 1996
- Um corpo de mulher, novela, Ática, 1997
- O homem feito, novela, Ática, 1998
- Amor de Capitu, recriação literária, Ática, 1998
- No fim dá certo, crônicas e histórias, Record, 1998
- A Chave do Enigma, crônicas, Record, 1999
- O Galo Músico, crônicas, Record, 1999
- Cara ou Coroa? (júnior), crônicas, Ática, 2000
- Duas Novelas de Amor, novelas, Ática, 2000
- Livro aberto - Páginas soltas ao longo do tempo, crônicas, Record, 2001
- Cartas perto do coração, correspondência com Clarice Lispector, Record, 2001.
- Cartas na mesa, correspondência com Paulo Mendes Campos, Otto Lara Resende e Hélio Pellegrino, Record, 2002.
- Os caçadores de mentira, história infantil, Rocco, 2003.
- Os movimentos simulados, romance, Record, 2004.
PRÊMIO:
- Em julho de 1999 recebeu da Academia Brasileira de Letras o maior prêmio literário do Brasil, "Machado de Assis", pelo conjunto de sua obra.
- Em julho de 1999 recebeu da Academia Brasileira de Letras o maior prêmio literário do Brasil, "Machado de Assis", pelo conjunto de sua obra.
O valor do prêmio, R$40.000,00, foi
doado pelo autor a instituições destinadas a crianças carentes. O desembargador
Alyrio Cavallieri, ex-juiz de menores, revelou que em 1992, todos os direitos recebidos
pelo autor do polêmico livro "Zélia, uma paixão" também foram
distribuídos a crianças pobres.
Dados obtidos em livros do autor e de "Quadrante II", Editora do Autor, 1968, de "Obra Reunida", Ed. Nova Aguilar - Rio de Janeiro,m e "Fernando Sabino - Perfis do Rio", Relume Dumará, Rio de Janeiro, 2000.